Durante toda esta semana, Jannice Maria, Agente de Desenvolvimento Territorial do Vale do Rio Guaribas e representante da Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan), acompanharam estrangeiros da América Central em visita à Comunidade Fornos, localizada em Picos. Ao todo, doze jovens de El Salvador, Costa Rica, Guatemala, Belize, Honduras e Panamá conheceram os quintais produtivos e o sistema de reutilização de água do local.
A ação faz parte do projeto “Rota Rumos de Aprendizagem: Jovens construindo Redes Territoriais de Aprendizagem”. Essa é uma iniciativa planejada e organizada pelo Território de Aprendizagem da Bahia (Arandelas) e do Piauí (TAPI). Além disso, o evento tem apoio do Governo do Piauí por meio do projeto Viva o Semiárido.
A gerente do TAPI, Marta Macedo, é representante dos Territórios Chapada Vale do Itaim e Vale do Rio Guaribas e acompanhou de perto o projeto. De acordo com ela, “essa semana foi uma vasta troca de saberes e debates, tanto na Bahia, quanto no Piauí, pois os jovens puderam conhecer alicerces de lideranças e o arranjo institucional da juventude local e da representação das mulheres inseridas nas organizações rurais e associações corporativas”.
Segundo Denise Cardoso, gerente do Arandelas, o intercâmbio funcionou devido à parceria entre os estados. “Estamos com a rota para mostrar aos jovens as experiências consolidadas de convivência com o Semiárido, do fortalecimento das políticas públicas do Brasil para que eles levem o conhecimento para seus países”, afirmou.
O objetivo desses encontros é conhecer as potencialidades do Semiárido e melhorar a compreensão dos jovens líderes que atuam em espaços rurais. A fim de fortalecer suas capacidades de organização e desenvolver redes de apoio eficientes e sustentáveis, os jovens puderam ter visões para ampliar oportunidades de inclusão social e econômica nos territórios rurais.
O grupo iniciou os passeios educativos no Semiárido da Bahia, percorrendo iniciativas de sucesso da agricultura familiar do estado. Depois, rumaram para o Piauí, mais especificamente nos municípios de Picos, Paulistana e Betânia, passando pelos empreendimentos exitosos dessa área.
Na Comunidade Fornos, os jovens conheceram a horta comunitária planejada, cuidada por mulheres que acompanham os dados de produção de seus quintais produtivos por meio das Cadernetas Agroecológicas. Essa experiência é uma forma de organização das informações sobre a produção das mulheres, que facilita a sistematização do que é cultivado, o que foi vendido, doado, trocado e consumido dentro da agricultura familiar e camponesa, abarcando da produção agropecuária ao artesanato.
Daniela Robleto, engenheira agrônoma de Costa Rica, defende que a oportunidade é maravilhosa por oferecer uma visão das necessidades e das potencialidades vistas nas juventudes rurais. “Estamos nos dando conta da construção da Lei Nacional dos Jovens Rurais, que deve ser trabalhada desde o local. Nesse intercâmbio de experiências vemos a chave de êxito para aprender todo o processo da agricultura familiar, não só os seus produtos, como os serviços ofertados no mercado nacional e internacional”, disse.
Também da Costa Rica, Andrey Gómes exclamou que seu país tem muito o que avançar quanto às organizações locais. “Vamos levar essa experiência concreta para aplicar nos nossos próprios territórios, pois esse é o caminho para o desenvolvimento rural em que discutimos e refletimos sobre economia solidária, arranjos produtivos, associativismo, cooperativismo e aprendizagem”, falou.
Depois de Fornos, o grupo rumou para Paulistana, onde foi recebido por instituições públicas, como Emater, IFPI, Projeto Viva o Semiárido e a Secretaria de Agricultura. Conhecendo políticas públicas como o Programa de Aquisição de Alimentos, o Programa Nacional de Alimentação Escolar e a Assistência Técnica e Extensão Rural, os jovens aprenderam estratégias de desenvolvimento territorial e planejam replicar essas experiências ao retornarem à América Central.
A Agente Jannice Maria reforçou a gratidão pela participação nessa troca de saberes. “A integração e o compartilhamento são fundamentais para o nosso crescimento, tanto para o nosso território, quanto para o Piauí”, finalizou.