8 de março, Dia Internacional da Mulher, atualmente é comemorado em mais de 100 países, às vezes como um dia de protesto pelos direitos das mulheres, outras apenas como uma celebração do feminino. No Brasil, a data é marcada por movimentos de sensibilização da população sobre a igualdade de gênero, em todas as suas vertentes, com panfletagem, palestras e flores.
No Piauí, a Seplan é protagonista na liderança feminina, além da secretária, das quatro superintendências, três são geridas por mulheres. Isso sem falar nas diretoras e nas gerentes da instituição. Há muito o que se comemorar, mas a luta não pode parar.
O destaque feminino da Seplan é comemorado por Edilene Facundes, superintendente de Orçamento e Operações Financeiras. “Aqui na Seplan, o 8 de março é um dia a ser celebrado, porque temos uma mulher na gestão principal e somos maioria no segundo escalão, mas isso está longe de ser uma tônica no governo. A luta é muito grande e quando estamos em cargos de gestão, procuramos nos esforçar muito, dar o nosso melhor, para nos impor, para podermos realmente ser reconhecidas. Deixaremos um bom legado em todas as áreas que estamos atuando”, prometeu a superintendente.
Para Edilene, a data é um símbolo que reforça a luta das mulheres, que deve ser diária. Luta por igualdade de oportunidades, de renda, de participação na política. “Cada uma de nós tem que fazer a sua parte. Eu procuro incluir no meu dia-a-dia, tanto em casa como no trabalho, uma posição de igualdade, seja com meu marido, seja com um chefe, seja em reuniões, em que muitas vezes as mulheres são tolhidas pelos homens que são, normalmente, maioria nesses encontros”, ponderou.
A diretora de Planejamento Estratégico Setorial, Eliana da Costa Machado, lembra que o 8 de março é uma data para se refletir o papel e o lugar da mulher na sociedade. “É através da reflexão que enxergamos o quanto já lutamos para chegar até aqui. Eu acabei de assumir uma diretoria na Seplan onde contamos com uma mulher como secretária de Estado, o que nos enche de orgulho, mas também traz ainda mais responsabilidade, pois devemos buscar meios e alternativas para fazer com que, através do nosso trabalho, mais mulheres possam ter condições e oportunidades de ascender profissionalmente, não só dentro da nossa secretaria, mas em toda a estrutura do Estado do Piauí. Devemos fazer mais e melhor, pois quando uma porta se abre para uma mulher é porque realmente ela conseguiu mostrar o quanto é capaz, não que sejamos melhores que os homens, mas que, como o mundo exige muito mais de nós, tivemos que nos esforçar bem mais para chegarmos aos mesmos lugares”, ressaltou.
Segundo uma pesquisa da “Harvard Business Review”, publicação da Harvard Business Publishing que tem como objetivo promover a reflexão sobre as práticas de gestão de negócios, as mulheres em cargos de liderança mostraram mais eficiência durante a crise sanitária global, causada pela pandemia do Coronavírus, que afetou praticamente todas as empresas, ao apresentarem mais resultados positivos e contribuírem de maneira mais expressiva para o engajamento dos trabalhadores.
O estudo “Mulheres São Melhores Líderes Durante a Crise”, elaborado por Jack Zenger e Joseph Folkman, avaliou 454 homens e 366 mulheres entre março e junho de 2020. As mulheres foram classificadas de forma mais positiva em 13 das 19 competências gerais de liderança. O público feminino se sobressaiu, principalmente por conta do uso de habilidades interpessoais, as chamadas soft skills, como colaboração, trabalho em equipe e motivação.
Segundo Aline Bacelar, gerente de convênios federais da Suepro, a liderança exercida por mulheres no mercado de trabalho, apesar de todas as lutas, ainda é mínima e desproporcional, mas concorda com a pesquisa da “Harvard Business Review”. “Nós possuímos características natas, como determinação, dedicação e comunicação, que estão totalmente relacionadas ao melhor estilo de liderança, como confirmou essa pesquisa. Apesar disso, vivenciamos a injusta falta de mais mulheres nos altos cargos e ainda temos os menores salários na grande maioria das empresas”, disse.
A desconstrução do preconceito cabe a cada mulher individualmente, refletiu Aline. “O dia 08 de março deve ser utilizado para repensar nossas atitudes em relação a nós mesmas e perante às demais mulheres. É importante celebrá-lo, uma vez que a luta é antiga e ainda há muito para ser conquistado. É preciso oportunidade, respeito, igualdade e acima de tudo, liberdade. Estar em uma secretaria que a maioria dos altos cargos pertence às mulheres é gratificante e faz com que eu sinta mais orgulho ainda de ser mulher, além de ser um reflexo das conquistas de uma longa e difícil batalha”.
Rebeca Nepomuceno, gerente de Estudos Econômicos da superintendência Cepro, diz se sentir inspirada ao ver uma mulher em cargo de liderança, diz se sentir compreendida, já que uma líder conhece todas as barreiras rompidas diariamente simplesmente para estar naquela posição de destaque.
“Depois de tantas lutas de gerações anteriores nós podemos ocupar espaços que antes eram predominantemente masculinos. Assumimos papel de liderança, nossos posicionamentos foram ouvidos, podemos acessar profissões que antes eram caracterizadas como masculinas, porém, infelizmente, essa valorização da mulher e da mulher profissional não são as mesmas em todas as classes sociais e nem em todos os lugares. Ainda há uma disparidade salarial bastante significativa. Também não há igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Exatamente por isso é tão gratificante e inspirador trabalhar com mulheres e ser liderada por uma mulher. Esta data significa para mim o rompimento de barreiras. É o dia que lembramos que temos o direito de ser quem quisermos, seguirmos os nossos sonhos, termos a profissão que quisermos”, ressaltou Rebeca.
A superintendente de Planejamento Estratégico e Territorial, Gisele Oliveira, comemora os avanços, mas também chama atenção para a conscientização da população sobre os problemas que persistem de desigualdade de gênero. “É um dia para reafirmar que vamos continuar lutando contra o preconceito, o machismo, o assédio, a violência, a desvalorização no mercado de trabalho. Não vamos desistir na construção de uma sociedade igual para todos”, afirmou.
Juciara Linhares, gerente de Estudos Sociais da superintendência Cepro, destacou o espaço, cada vez maior, das mulheres no mercado de trabalho e que as novas configurações de governança e liderança, com maior inserção da mulher, oportunizam mais colocações, maior representatividade em cargos eletivos e de confiança no primeiro escalão dos Poderes.
“Temos muito o que celebrar, mas nunca deixar de arregaçar as mangas. Somos resistência, somos luta contra as desigualdades, contra a violência doméstica, contra o feminicídio. Precisamos lutar para que nossa voz seja ouvida e que ela possa incomodar a sociedade, o poder público e a sociedade civil, para que todos possam abraçar as causas da mulher brasileira, da mulher negra, que ainda sofre com tantos obstáculos”, concluiu Juciara.
Os números da violência de gênero precisam ser destacados e devem ser uma fonte de reflexão do quanto ainda temos que lutar. Apesar das conquistas legais, como as que estão previstas na Lei Maria da Penha, ainda há muitas vítimas. A discriminação e o preconceito contra a mulher existem e vão continuar a manchar a nossa sociedade até que a cultura e os valores sociais sejam transformados. A desigualdade nas relações entre homens e mulheres é estrutural e é impulsionada por questões educacionais, econômicas e culturais que podem ser observadas nas relações familiares, no trabalho e em qualquer lugar, todos os dias.
Com esta realidade, o feminismo assume um papel fundamental, já que questiona as estruturas da sociedade, muitas vezes baseada na desigualdade e na exclusão. Os movimentos da sociedade civil são de extrema importância para pressionar as transformações tão necessárias e, ao mesmo tempo, lutar por políticas públicas inclusivas.
Para Rejane Tavares, secretária de Estado do Planejamento, o dia 8 de março é um dia de luta. “A luta que se faz necessária cada vez mais. Vivemos tempos de retrocesso e reafirmar nossas lutas, nossos direitos é urgente e imprescindível. Luta em casa, no trabalho, nas ruas, na vida. Num País onde a discriminação cresce, o feminicídio aumenta e a violência contra mulher é banalizada, torna-se urgente abrir cada vez mais espaços para que a mulher seja protagonista da sua história, da nossa história, e assuma o comando e a gestão dos espaços públicos e privados. A Seplan é um exemplo do protagonismo das mulheres. Somos a maioria nos cargos de direção e gestão, por isso, nossa responsabilidade em fazer bem, em respeitar todos e garantir a voz para todos”, finalizou.
Que todas as mulheres, unidas, possam compreender as várias batalhas a serem travadas para a conquista da igualdade, para romper o ciclo machista perpetuado dentro da nossa cultura, o sexismo e, principalmente, o racismo. Que a luta continue!